OS SEGREDOS DA EDUCAÇÃO NARRATIVA PARA LIVRAR SEUS ALUNOS DO EFI DOS ERROS NAS CONTAS DAS ATIVIDADES MATEMÁTICAS

Quatro causas levam seus alunos do Ensino Fundamental I a cometerem erros nas contas das atividades de Matemática. Você, professora, pesquisadora, vai perceber que esses erros não são comumente explicados pelo sistema de ensino.

Continue lendo e descubra os segredos por trás da Educação Narrativa que vai auxiliar você a eliminar esses erros.

Os erros que os alunos do Ensino Fundamental I cometem nas contas das atividades matemáticas possuem quatro causas:

     I. Ansiedade Matemática;

     II. Desconhecimento do Sistema de Numeração Decimal (SND);

     III. Imaturidade do sistema cognitivo da criança;

     IV. Imaturidade cerebral do aluno.

Descubra Como a Ansiedade Matemática Atrapalha a Aprendizagem

Ante uma conta ou qualquer atividade de matemática se o aluno sente um desconforto, que pode ser leve ou mais grave, próximo da fobia, ele está sentindo Ansiedade Matemática.

A fuga ou evitação é uma forma da pessoa lidar com o sofrimento que a Ansiedade Matemática causa.

O não-saber é insuportável para o ser humano.

O cérebro humano anseia por conhecimentos significativos.

Entender o mundo é uma necessidade para qualquer pessoa. Por isso, as narrativas, as histórias, são construídas por todos os povos sem exceção.

Todos os povos na ânsia de saber constroem narrativas para compreender o que não conseguem explicar: daí, os mitos buscando narrar o incompreendido.

A narrativa torna-se “instrumento importante de compreensão e de construção da própria experiência humana.”, apontam Alves e Gonçalves.

Por isso os “seres humanos são vistos como inveterados seguidores e contadores de histórias”, ponderam os autores. Não é possível não-saber, não conhecer.

E “como tão bem sustentou Piaget, a história de um indivíduo é a história do seu conhecimento” nos fala Gonçalves.

A partir das ponderações do autor, podemos dizer que o aluno em situação de perturbação foge da realidade da qual não consegue desfrutar.

Suas preocupações levam o aluno, em fuga da Matemática, a se preocupar (pré-ocupar) exclusivamente com os sinais fisiológicos do seu coração acelerado, sua pele suando e não consegue se entregar às experiências gratificantes da realidade.

A experiência matemática traumática, professora, para o aluno, provoca sentimentos de desânimo e singularidade, usando ideias de Gonçalves.

Paralisado pela Ansiedade Matemática, o desânimo toma conta do estudante. Não consegue antever as muitas possibilidades que a vida proporciona.

A singularidade acontece porque há uma estranheza em se ver diferente dos outros, por não conseguir construir sua experiência matemática.

De forma Simples Entenda: É Ansiedade Matemática e Não Burrice

O aluno preso da Ansiedade Matemática foge, mentalmente ou fisicamente: viaja pela imaginação, falta à aula ou torna-se indisciplinado.

Geralmente, o professor vê o aluno como incapaz de aprender as operações matemáticas fundamentais e vem a rotulação da burrice do estudante.

Historicamente, a Ansiedade Matemática parece ter sido construída, no Ocidente, a partir do pensamento grego.

A Matemática ganha um status de abstração com Pitágoras, o filósofo e matemático grego, que filosofou o número como forma de estruturar o universo.

Para entrar na academia de Pitágoras, considerado o pai da Matemática, o iniciado passava por inúmeros sofrimentos.

Na entrada da Academia de Platão, estava a célebre frase: Quem não for geômetra, não entre.

Além do mais, Platão considerava que existiam os talentosos para a Matemática e os lentos de espírito, que encontravam dificuldades com os conteúdos matemáticos.

Provavelmente, decorre daí que os lentos de espíritos seriam burros, a lentidão do espírito se traduziria em burrice.

Essas ideias moldaram uma narrativa em que há os talentosos e o lentos de espírito. E essa narrativa precisa ser desconstruída.

Como Superar a Ansiedade Matemática?

Usando a Educação Narrativa.

“Pensamos da mesma forma como existimos, através de narrativas”, afirma Gonçalves.

Porém, a Ansiedade Matemática paralisa o pensamento, professora. Construir conhecimento ocorre por meio da narrativa, que é a matriz fundamental dessa construção.

A narrativa impõe uma significação às experiências do cotidiano e ao vivenciarmos as experiências precisamos que elas se tornem coerentes para nós.

A Ansiedade Matemática tolhe esse processo. Impossibilita a conexão com a realidade, pois leva a processos de fuga mental ou física.

Não à toa, há a recomendação de se usar a História da Matemática como recurso didático para o ensino da Matemática como acentua os Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática.

A História da Matemática mostra a Matemática como uma invenção humana que nasceu de necessidades cotidianas e levou milhares de anos para ser criada e aprimorada.

A História da Matemática vai possibilitar ao aluno desmistificar a narrativa de que a Matemática é difícil e para poucos talentosos.

O pensamento grego transformou a Matemática, de uma necessidade para solucionar questões do dia a dia, em uma matéria filosófica, abstrata.

A História da Matemática traz a Matemática de volta para o cotidiano. O aluno vai perceber a utilidade dos conceitos matemáticos que nasceram de necessidades do cotidiano.

A narrativa é capaz de condensar os significados em uma linguagem da existência, informa Gonçalves.

E podemos dizer, a partir disso, que a Educação Narrativa pode trazer a Matemática de volta para seus aspectos concretos, inerentes ao cotidiano.

As contas, professora, são uma técnica e, por isso mesmo, muito abstratas para o aluno do Ensino Fundamental I.

O recurso à História da Matemática faz o estudante entender todo o processo de construção do número. A narrativa histórica deixa concreto o abstrato que está por trás dos conceitos matemáticos.

A Palavra Problema É Um "Problema", Professora

Pense, professora, os inúmeros problemas que a palavra problema acarreta.

O corpo reage de forma negativa quando ouve a palavra problema. A expressão facial fica tensa, assim como a postura corporal, os gestos.

O corpo fala muito mais que a boca, nos mostra a comunicação não verbal como estuda a Semiótica.

E o corpo não mente, pois a própria língua mostra a negatividade dos significados, dos sinônimos da palavra problema. É só verificar o dicionário.

Situação difícil: contrariedade, adversidade, contratempo, dificuldade, sufoco, obstáculo, revés, objeção, transtorno, complicação, quebra-cabeça, pepino, abacaxi, infortúnio, são alguns dos 61 sinônimos da palavra.

O corpo reage a essa enxurrada de significados negativos.

Imagine a criança, que capta muito bem essa linguagem corporal, inconsciente, desde cedo vivenciando a experiência altamente negativa da palavra problema para os adultos.

E pior: na escola ela encontra o Problema Matemático com o qual sua imaturidade ainda não consegue lidar bem, principalmente no Ensino Fundamental I, como se verá, mais adiante, professora.

Daí a proposta de abandonar a expressão problema matemático, trocando-a por História Matemática, feita por Luzia Faraco Ramos

Como “inveterados seguidores e contadores de histórias”, o aluno não sentirá a pressão oriunda tanto da palavra problema quanto da expressão problema matemático.

Na realidade, como mostra Ramos, os problemas matemáticos são histórias do cotidiano escritas numa linguagem fria e impessoal pela Matemática.

É muito mais fácil: Ana Maria ficou com fome e resolveu ir à padaria comprar pão. Pegou uma nota de 10 reais e pediu à balconista 3 pães. Depois de pesado, a balconista disse que dava 3 reais. Ana Maria foi ao caixa e pagou com a nota de 10 reais. Quanto ela recebeu de troco?

Observe, professora, que o problema matemático foi transformado em uma História Matemática. A narrativa suavizou a linguagem e, evidentemente, ameniza, diminui a Ansiedade Matemática que poderia despertar no aluno.

Aqui Está Uma Forma Rápida de Acabar Com os Erros nas Contas: Trabalhar Melhor o Sistema de Numeração Decimal (SND)

A segunda causa importante que levam os alunos do Ensino Fundamental I a errarem as contas nas atividades matemáticas é o desconhecimento do Sistema de Numeração Decimal (SND).

Como resolver isso? A Educação Narrativa vai ser de grande utilidade.

As contas, os algoritmos matemáticos, foram construídas pouco a pouco, durante milênios, pelo ser humano como nos ensina a História da Matemática.

Ao usar a História da Matemática como motor do ensino da matéria, o aluno vai percebendo que a Matemática não é algo abstrato, mas que foi uma construção nascida das necessidades cotidianas do ser humano.

As contas são uma síntese abstrata, uma técnica, que, como vai ser visto mais à frente, o aluno do Ensino Fundamental I ainda não tem maturidade biológica e cognitiva para operar.

Enquanto as contas operam no campo do abstrato, lógico, as narrativas condensam os significados abstratos em uma linguagem mais do cotidiano, próxima de nossa existência como ser humano.

A Educação Narrativa aposta que as transformações científicas e culturais vão levar a escola, professora, a ceder lugar ao discurso narrativo em vez da abstração lógica, anota Gonçalves.

O Sistema de Numeração Decimal (SND) não nasceu abstratamente. Foi construído a partir das necessidades do dia a dia do ser humano, a partir do concreto.

Quando, por exemplo, os pastores precisavam saber a quantidade de ovelhas que tinham, e não havia números e as contas ainda não haviam sido inventadas, eles utilizaram os dedos das mãos, as pedras, riscos em madeira, ossos, argila etc.

A História da Matemática é uma narrativa desse processo de como o ser humano foi capaz, partindo do concreto cotidiano, de entender, aos poucos, como fazer Agrupamentos, entender e construir o Valor Posicional.

Se o aluno não entende que contar, calcular, é agrupar e reagrupar unidades, dezenas e centenas, ele não consegue operacionalizar as contas, pois a técnica das contas é muito abstrata.

Ao não entender o SND, o aluno apenas decora o processo, mas erra em razão de não compreender o que está fazendo. Ele não é autor do seu trabalho.

“O indivíduo procura a todo momento um sentido de coerência dentro e através dos diferentes episódios narrativos de sua existência.”, informa Gonçalves. Isto é, ele procura ser autor, ter autoria, de tudo que faz.

Aprender é criar uma autoria, uma coerência daquilo que se está fazendo. Viver vai depender de criar intencionalmente uma autoria.

Ao efetuar uma conta, sem entender o que está fazendo, não há significado coerente. “Para que se construa esse sentido de autoria, os diferentes elementos da narrativa necessitam se ligar de um modo significativo e coerente.”, aponta Gonçalves.

Precisamos, professora, transformar as contas em uma história que seja significativa e coerente para o aluno, em uma narrativa, para que o aluno construa a sua própria narrativa, a autoria, de como fazer aquela conta.

Usando as palavras do autor, sem coerência e significado, as contas transformam-se em experiências sem associações umas com as outras que não conseguem ser compreendidas e perdem significação.

Como Lidar Com a Imaturidade do Sistema Cognitivo da Criança?

A Educação Narrativa auxilia a lidar com a imaturidade do sistema cognitivo da criança.

O aluno do Ensino Fundamental I não erra as contas por burrice. A sua imaturidade é um forte componente que atua para que erre as contas.

Não devemos esquecer, professora, que nessa fase escolar, Ensino Fundamental I, a criança está no estágio das operações concretas.

Operações concretas significa que o aluno, nesse período, tem NECESSIDADE de usar o CONCRETO para que possa aprender.

E as contas, professora, são concretas? Evidentemente, não.

As contas, os algoritmos, são uma técnica abstrata. Um passo a passo abstrato que seguido minuciosamente não possibilita erros.

Entretanto, as contas são muito abstratas para o período das operações concretas. Os alunos nesse estágio fazem abstrações pseudoempíricas, ensina os estudos teóricos e práticos piagetianos.

É por isso que, para fazer abstrações ele precisa se apoiar no concreto. Não à toa, Piaget recomenda que nessa fase se use o ábaco, um material concreto estruturado que torna concreto o abstrato que compõe as contas.

As contas, por sua técnica e abstração, são abstrações refletidas, próprias do estágio das operações formais quando a imaturidade do sistema cognitivo da criança avança.

A forma de pensar do aluno do Ensino Fundamental I, o modo como faz abstrações, precisa se apoiar no concreto, por isso, ele erra as contas.

Ele precisa da ação concreta, ativa, material, para poder pensar. E a Educação Narrativa mostra que cada pessoa constrói a sua realidade de forma ativa. Uma das melhores formas de agir ativamente, concretamente, é construindo narrativas.

Viver é passar por experiências construindo narrativas coerentes, com significados.

Daí, “a importância do desenvolvimento de uma coerência narrativa como condição de um desenvolvimento saudável”, mostra Gonçalves.

Ao errar as contas, em razão de não conseguir operar abstratamente, professora, o aluno pode sofrer Ansiedade Matemática, pois se sente incapaz e não consegue criar uma narrativa coerente, construir sua história com a Matemática.

Ele, no período das operações concretas, ainda é imaturo biologicamente. Ficar ansioso compromete o seu desenvolvimento saudável.

Na realidade, a narrativa do aluno em relação à Matemática não foi criada por ele, não é de sua autoria. Sua história com a Matemática é um protótipo, um modelo, criado pela escola: se ele erra uma conta, é incapaz, não tem talento, é burrice.

Essa narrativa torna-se uma narrativa inflexível, isto é, o aluno fica preso nela e não consegue avançar, não por sua incapacidade, mas por ficar preso nesse protótipo narrativo de sua incapacidade para a Matemática.

Criar a sua história com a Matemática implica em agir de forma ativa, positiva e usando palavras de Gonçalves, “existir narrativamente implica em evitar estar preso a um tema ou a um protótipo narrativo”.

Usar a História da Matemática e histórias Matemática, no lugar de problemas matemáticos, auxilia a diminuir a Ansiedade Matemática e ajuda a desconstruir esse protótipo narrativo matemático negativo.

Como Superar a 4ª Causa: a Imaturidade Cerebral do Aluno?

A Educação Narrativa vai ajudar essa superação.

O aluno, professora, do Ensino Fundamental I também ainda não desenvolveu adequadamente o seu cérebro conforme nos ensina a Neurociência Cognitiva.

O cérebro humano começa seu desenvolvimento no embrião e só vai terminar no final da segunda década da existência.

Esses estudos neurocientíficos complementam os estudos teóricos, clínicos e práticos piagetianos. O aluno do Ensino Fundamental I, no estágio das operações concretas, necessita do apoio de material concreto para fazer abstrações.

Sem o material concreto, o aluno nesse período, ao não conseguir fazer abstrações e ao errar as contas, desenvolve emoções de raiva e medo.

Raiva, porque não saber é algo inaceitável para o cérebro do ser humano, e medo da disciplina. O aluno desenvolve sentimentos de desamparo e tensão diante de uma atividade de matemática.

Há reações fisiológicas quando se está com medo, com Ansiedade Matemática: sudorese, taquicardia, náuseas, dores de cabeça.

As emoções são inconscientes. Elas preparam o organismo para responder ao perigo. O medo é inato. Emoção importante para a sobrevivência das espécies. Alertam sobre um perigo.

As emoções são estados do organismo e são inconscientes. Os sentimentos são as experiências conscientes dessas alterações corporais.

Se você vê uma cobra, você corre. O medo, emoção inconsciente, é um estado emocional corporal. Diante do perigo, o organismo libera adrenalina que facilita e prepara os músculos e o corpo para a fuga.

“Esses estados têm um enorme impacto no comportamento humano” (KANDEL).

O medo da Matemática, aprendido, torna-se hábito condicionado, isto é, passa a ser uma reação automática. Ante um “problema de Matemática”, em maior ou menor escala, o organismo prepara-se para a fuga, física ou mental.

Os sentimentos, que são conscientes, facilitam o processo de aprendizagem, mas diante do automatismo do medo, da Ansiedade Matemática, a adrenalina liberada no organismo inibe a atenção, a memória, induzindo ao erro das atividades matemáticas.

A Ansiedade Matemática, que foi aprendida, leva, inconscientemente, a uma postura defensiva, paralisando as áreas do cérebro responsáveis pela memória, planejamento e tomadas de decisão no córtex pré-frontal.

A narrativa, milenar, de que a Matemática é difícil e para talentosos, se torna um conteúdo programado e faz acreditar que não é possível aprender Matemática. Desencadeia a Ansiedade Matemática e paralisa sentimentos conscientes de possiblidades.

A Ansiedade Matemática inibe o desenvolvimento, pois o estado emocional inconsciente, liberando adrenalina, força o sistema sanguíneo a desviar o sangue do cérebro para os músculos dos braços e pernas para se defender.

A atividade do córtex pré-frontal fica reduzida e passamos a obedecer a uma programação aprendida: a Ansiedade Matemática.

Como Superar a 4ª Causa: a Imaturidade Cerebral do Aluno?

“As crianças podem absorver as habilidades mais complexas apenas por meio da observação, sem necessidade de serem ensinadas pelos pais”, informa Lipton. E pode-se acrescentar: também dos professores.

Pesquisas mostram indícios bastante fortes de que a Ansiedade Matemática é socialmente transmitida tanto por pais como por professores, informa Ferreira (2020).

Crenças, comportamentos básicos e atitudes de pais e professores são incorporados aos neurônios da mente inconsciente e passam a fazer parte da vida da pessoa e a controlar sua biologia pelo resto da vida.

A não ser que se encontre uma maneira de reprogramar tudo isso.

Como isso ocorre, do ponto de vista científico?

Os seres humanos, professora, herdou da evolução essa habilidade de absorver um número infinito de crenças e comportamentos em suas memórias.

Nossos cérebros têm uma atividade elétrica flutuante que consegue ser medida por eletroencefalograma, que mostra detalhadamente a atividade dos cérebros humanos.

O sistema nervoso humano possui 100 bilhões de neurônios que comandam o organismo por meio de impulsos eletroquímicos.

Os neurônios são as células responsáveis pelos processos cognitivos como pensar, se expressar, criar, se comunicar, calcular e armazenar memórias.

Os impulsos elétricos dos neurônios são registrados, pelo eletroencefalograma (EEG), em forma de gráficos, que são conhecidos como ondas cerebrais, e podem com a ajuda de computação formar um mapeamento do cérebro.

As oscilações registradas pelo eletroencefalograma, as ondas cerebrais, mostram a atividade do córtex cerebral, rica em neurônios, uma das partes cerebrais mais evoluídas.

O registro das ondas cerebrais desenha intervalos que são chamados de amplitude que foram correlacionados a certos estados de consciência.

Cada estágio de desenvolvimento humano apresenta a predominância de um determinado tipo de onda cerebral. Essas pesquisas corroboram os estudos clínicos e teóricos piagetianos.

De zero a dois anos de idade, o cérebro humano trabalha, predominantemente, em uma frequência de onda mais baixa: são as ondas delta, anota Lipton.

A partir dos dois anos de idade, o cérebro infantil passa a atuar em uma faixa de frequência mais alta: as ondas teta.

Essas faixas de ondas mais baixas possibilitam o armazenamento de um grande volume de informações, necessárias para o ser humano se adaptar ao ambiente e sobreviver de forma eficaz.

Ondas mais baixas, pondera o autor, facilita o processo de aculturamento. Nesse período de desenvolvimento de 2 a 6 anos, a criança observa o ambiente e vai absorvendo os conhecimentos fornecidos pelos seus pais e outros educadores.

Tais conhecimentos são armazenados diretamente em seu sistema de memória inconsciente. Consequentemente, passa a se comportar e ter as mesmas crenças deles.

Entre os seis e 12 anos predominam as ondas alpha. Nesse período, a programação externa age em menor escala. É o período de formação da consciência do eu, captada pelos 5 sentidos.

A partir dos 12 anos, o pré-adolescente atua predominantemente com ondas beta, em que o cérebro age com consciência concentrada e ativa. E pode chegar a estados de onda gama, relativa a momentos de alto desempenho.

Como Você se Sentiria se Pudesse Desprogramar ou Reprogramar a Ansiedade Matemática?

Essa desprogramação ou reprogramação pode ser feita por meio da Educação Narrativa.

“Vários estudos têm demonstrado que, quando os indivíduos escrevem ou contam as suas narrativas, ocorrem importantes transformações biológicas tanto no nível do sistema nervoso vegetativo quanto no nível do sistema nervoso central”, diz Gonçalves.

E mais importante: “no decurso de uma produção narrativa, assiste-se a um aumento da atividade alpha frontal […] e a importantes alterações do sistema imunológico”, pontua o autor.

Ou seja, a Educação Narrativa possibilita ao aluno, professora, desprogramar o protótipo narrativo matemático que ensinaram a ele construir e reprogramar suas crenças e comportamentos, diminuindo consideravelmente a Ansiedade Matemática.

Há uma boa analogia de que a mente inconsciente seria o piloto automático que comanda o comportamento, enquanto a mente consciente seria o controle manual, escreve Lipton.

O autor argumenta, professora, que o inconsciente “é um grande centro de dados e programas desprovido de emoção” adquirido por meio das experiências e observações. Seria uma espécie de disco rígido que armazena as experiências de vida.

Dirigir um carro exemplifica como opera a mente inconsciente. No início do aprendizado, tudo é consciente. Depois, você simplesmente entra no carro e dirige de forma automática, enquanto a mente consciente faz diversas outras atividades.

A mente consciente, no entanto, é autorreflexiva. Pode observar o comportamento, inconsciente, pré-programado, fazer uma intervenção, interromper a pré-programação e reprogramar o comportamento.

Como a Educação Narrativa opera em ondas alpha, as histórias, as narrativas, inibem a programação externa e favorecem a autoconsciência, a ação autorreflexiva da mente consciente e facilitam a desprogramação.

A Ansiedade Matemática é um obstáculo e deriva das limitações impostas pela narrativa protótipo a respeito da Matemática, cultivada social e culturalmente.

A Educação Narrativa é uma técnica científica que auxilia a reprogramar a mente inconsciente. Não à-toa, todos os povos, universalmente, em todas as épocas criaram suas narrativas, suas histórias, seus mitos.

A Grécia antiga deixou como exemplo para o mundo a arte poética e Aristóteles já ensinava o poder da catarse na purificação das emoções advindas da poesia, das narrativas poéticas.

Ou seja, não por acaso, a Grécia antiga usava a poesia como forma de educar seu povo. Isto é, utilizava amplamente a Educação Narrativa.

Impulsione a Educação Narrativa Amplificando Sua Pedagogiação

Como você, professora, está lendo este texto, é evidente que você faz Pedagogiação: uma ação pedagógica consciente e intencional.

Age de acordo com o status que o seu título de Pedagoga conferiu a você: Cientista da Educação, já que a Pedagogia é Ciência da Educação.

A primeira professora da imagem, mesmo fazendo Pedagogiação, não sabe o que fazer para resolver os erros nas contas de seus alunos, a segunda professora tem a solução.

Ao agir consciente e intencionalmente pesquisando atividades para aprimorar seu processo de ensino-aprendizagem, você faz sua Pedagogiação.

Mesmo assim, seus alunos continuam errando as contas e, às vezes, você se desespera, professora.

Agora, ao ler esse texto, você vê a possibilidade de modificar sua Pedagogiação para que eles não mais cometam os mesmos erros.

Porém, como implementar uma Educação Narrativa em suas aulas?

Para isso, existe uma ferramenta poderosa, Única, Inovadora e Revolucionária: a Pedagogiação1.5.

É que, além de consciente e intencional, a ação pedagógica da Pedagogiação1.5 é cientificamente orientada, é orgânica.

Ação pedagógica cientificamente orientada e orgânica porque ancorada em quatro ciências:

     1. Semiótica: ao estudar os símbolos, os signos, e sendo a Matemática estruturada por símbolos (números), a Semiótica auxilia a compreender como os números operam, sendo forte auxiliar para a Educação Narrativa.

     2. Psicanálise: a Ansiedade Matemática sendo uma dificuldade emocional pode ser desprogramada por meio da Educação Narrativa que se estrutura a partir da Psicanálise.

     3. Psicogenética: compreender que o aluno do Ensino Fundamental I está no período das operações concretas e que, por isso, faz abstrações pseudoempíricas, leva a entender a NECESSIDADE da utilização de material concreto.

     Essa compreensão ajuda a estruturação de aulas usando a Educação Narrativa que vai possibilitar desconstruir a narrativa protótipo da burrice do aluno em Matemática.

     4. Neurociência Cognitiva: também a compreensão de que o aluno do Ensino Fundamental I AINDA não tem maturidade biológica e cognitiva, como ensina a Neurociência Cognitiva, auxilia na desprogramação da mente inconsciente.

     O aluno, estando no estágio das operações concretas, tem o cérebro operando com ondas mentais alpha, por isso faz abstrações pseudoempíricas.

A Pedagogiação1.5 é uma ferramenta da Pedagogia1.5, que é um Método INOVADOR, ÚNICO, REVOLUCIONÁRIO de ensino.

A Pedagogiação1.5 usa como estratégia de ensino a Leitura de Imagens (História em Quadrinhos, Publicidade, Fotografia, Pintura, Animação).

O Método é resultado de 10 anos de um Laboratório de Iniciação Científica com alunas e alunos de Pedagogia, o LAPAPIEF – Laboratório de Pesquisa para Ação Pedagógica Interdisciplinar no Ensino Fundamental.

Nesse Laboratório de Iniciação Científica foram elaborados mais de 150 planos de aulas para o ensino de Matemática.

O Método, Pedagogia1.5 é uma síntese desse processo nas Oficinas, em diversas discussões e elaborações, gerou a necessidade de se estabelecer 5 pilares para o ensino-aprendizagem da Matemática.

     1. Educação Narrativa: como demonstra esse artigo, a Educação Narrativa, tendo por base principalmente a História da Matemática, é forte auxílio para desconstruir e reprogramar a narrativa protótipo da Matemática como burrice.

     2. Agrupamento: a Matemática é essencialmente Agrupamento: contar e calcular é basicamente agrupar, reagrupar e desagrupar.

     3. Valor Posicional: a invenção do Valor Posicional é uma das grandes conquistas da humanidade. Saber que o algarismo 6, por exemplo, em 66, vale 6 unidades ou 6 centenas conforme o lugar ou posição que ocupa no número.

     4. Sistema de Numeração Decimal (SND): tanto Agrupamento quanto Valor Posicional são a base do Sistema de Numeração Decimal possibilitando que somente com 10 algarismos se escreva qualquer número ou se faça qualquer cálculo.

     5. Material Concreto: é uma NECESSIDADE, pois o aluno do Ensino Fundamental I está no estágio das operações concretas e, por isso, faz abstrações pseudoempíricas, devido a imaturidade de seu sistema cognitivo.

     Também, o entendimento trazido pela Neurociência Cognitiva de que nesse período há imaturidade biológica de seu cérebro AINDA em desenvolvimento auxilia a entender a NECESSIDADE de uso do material concreto.

A Pedagogiação1.5 é, portanto, uma ferramenta poderosa que pode transformar, professora, sua Pedagogiação consciente e intencional em uma ação pedagógica consciente, intencional, orgânica, cientificamente orientada.

Utilize essa ferramenta: experiencie uma amostra GRÁTIS com quatro Vídeos-oficinas do Minicurso Pedagogia1.5, prontas para serem usadas em sala de aula com seus alunos, professora.

Referências

ALVES, José Ferreira; GONÇALVES, Óscar F. Educação narrativa de professores. Coimbra: Quarteto Editora, 2001.

ARISTÓTELES. Poética. Trad. Eudoro de Souza. 7. ed. São Paulo: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2003.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática. Secretaria de Educação Fundamental.  Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/matematica.pdf >. Acesso em: 05 fev. 2023.

FERREIRA, Hercio da S. A neuroeducação e a teoria das situações didáticas: uma proposta de aproximação para atender à diversidade em sala de aula. 2020. 121f. Tese (Doutorado em Educação em Ciências e Matemática) – Universidade Federal do Pará. Belém, 2020.

GONÇALVES, Óscar F. Psicoterapia cognitiva narrativa. Editorial Psy: Campinas, 1998.

KANDEL, R et al. Princípios de neurociências. Porto Alegre: AMGH Ed., 2014.

LIPTON. Bruce H. A biologia da crença: Ciência e espiritualidade na mesma sintonia: o poder da consciência sobre a matéria e os milagres. São Paulo: Butterfly Editora, 2007.

SANTOS, Willian M. dos. Música: uma ferramenta interdisciplinar para o ensino de matemática. 2012. 123f. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) – Universidade Paulista: Santos, 2012.